6 de jun. de 2013

Mostra fotográfica conta a história do ex-governador Orleir Cameli

Flaviano Schneider - Fotos:Onofre Brito O empresário, ex-prefeito de Cruzeiro do Sul (1993-94), ex-governador do Estado (1995-1998), Orleir Messias Cameli, falecido no dia 08 de maio passado, deixou saudade no Acre, especialmente no Vale do Juruá. Sua vida, seus feitos, sua família estão sendo apresentados ao público em mostra fotográfica que ocorre do dia 04 a 08 deste mês, na catedral católica, situada no centro da cidade. A mostra, organizada por sua viúva, Beatriz Barroso Cameli, traz fotos familiares, as condolências, imagens de obras executadas tanto na iniciativa privada quanto à frente do Executivo estadual e em, sua passagem pela prefeitura. Conhecido por seu dinamismo, Orleir deixou uma multidão de admiradores, especialmente por ter ajudado pessoas em dificuldades. Dona Beatriz é também muito querida na sociedade local e tem uma série de planos em relação à memória do marido, inclusive a possibilidade de organizar uma fundação que leve seu nome e a edição de um livro contando sua história. A atual mostra deveria ter sido feita com Orleir ainda vivo, conta dona Beatriz. Mas ele ficou doente e o trabalho de organização da mostra ficou parado. Por isso não pode ser apresentado quando da inauguração do novo escritório da Construtora Colorado. “Tínhamos inclusive um acervo de imagens, de pessoas relatando seu carinho, seus agradecimentos para o Orleir, além de pessoas da região, de Sena Madureira, de Rio Branco, de Brasiléia de Manaus, etc". O político e o empreendedor Segundo dona Beatriz, o ex-governador tinha o maior prazer em construir, executar obras, fosse uma calçada ou alguma obra de vulto. Mas na empresa privada ele conseguia realizar seu trabalho de forma mais desembaraçada e acompanhava diretamente os funcionários. “O raciocínio dele era rápido e todos tinham que acompanhar. Por isso na empresa privada ele conseguia fazer as coisas muito rapidamente, com responsabilidade, raciocínio e bom controle dos gastos”. Se por um lado ele tinha prazer em empreender, ele se decepcionou um pouco com a política: “Administrar a empresa privada é diferente da administração pública; Orleir se esbarrava com muita burocracia e ele não era de ficar esperando, queria logo fazer as coisas”. O futuro dos negócios da família Dona Beatriz está otimista quanto ao futuro. “Eu sinto que os filhos estão com o espírito do Orleir. Eles estão com toda a garra e todo otimismo trabalhando porque a empresa está aí. Ela tem que continuar, para continuar sobrevivendo, pagando as contas que tem que pagar, cumprir os compromissos assumidos, eu não tenho mais o que pensar a não ser que tudo vai dar certo. Com inteligência e boa vontade eles tem que continuar o trabalho do pai. Eles aprenderam muito bem como é que se leva uma empresa”. Tudo começou nos seringais do Juruá Orleir nasceu no dia 16 de março de 1949, descendente de libaneses, no rio Juruá. Com seus dois irmãos, Francisco e Eládio, foram iniciadas atividades comerciais nos seringais do Alto e Baixo Juruá. Posteriormente os irmãos estabeleceram empresa comercial em Cruzeiro do Sul e entraram para o ramo madeireiro com a Madeireira Acácia e Serraria Cruzeiro. Em seguida, empresas em vários ramos: Construtora Ocidente, Marmud Cameli e Cia., Agropecuária Colorado, Usina de Borracha Cruzeiro do Sul, fábrica de laminados, distribuidora de gasolina, transporte e navegação, empresas importantes em seus períodos de existência e fundamentais no processo de ocupação e desenvolvimento do Vale do Juruá. Em 2001, já desvinculado dos irmãos, Orleir abre com os filhos a Construtora Colorado uma das maiores da região. No lado político, Orleir se elegeu prefeito de Cruzeiro do Sul, tendo atuado de 1993 a 1994 quando se candidatou ao governo do Estado e venceu as eleições, cumprindo o mandato no período de 1995 a 1998. Segundo Beatriz Cameli: “Com o seu falecimento, em 8 de maio de 2013, após lutar bravamente pela vida, o Acre e, principalmente, nós do Juruá sentimos a grande perda do homem público, chefe de família e empresário que sempre defendeu os interesses desta parte da Amazônia Sul Ocidental. Portanto, esta mostra fotográfica registra fases de sua trajetória para as gerações futuras, tendo como horizonte contribuir para a construção da identidade da região e dos seus habitantes, num mundo cada vez mais globalizado”. História da alimentação Beatriz Cameli produziu anos atrás um livro sobre as origens históricas de Cruzeiro do Sul e região que se tornou referência para pesquisas. Ela agora está elaborando novo livro que pesquisa a história da alimentação do Juruá. O livro que poderá se chamar “Sabores, Cores e Aromas do Juruá” aborda a influência dos indígenas, nordestinos, libaneses e peruanos na alimentação local. O livro terá ainda uma seção de receitas típicas e um capítulo sobre o vocabulário típico da região. Um exemplo: a palavra ‘encrequilhado’, que significa encolhido, retraído, murcho, é herança nordestina. Pesquisando a obra de Câmara Cascudo, um dos maiores folcloristas do Brasil, dona Beatriz descobriu que a palavra deriva do verbo encarquilhar. Admiradores A senhora Marcli de Souza Nogueira trabalhou durante 18 anos nas empresas do ex-governador. Ficou algum tempo fora, mas em fevereiro de 2013 retornei. Ela faz seu depoimento: “Muitas vezes eu me perguntei porque tive esta oportunidade de trabalhar aqui novamente neste momento tão decisivo. Mas a gente sabe dos propósitos de Deus na nossa vida e eu me sinto muito agradecida de ter tido a oportunidade de conviver mais um pouco com ele; este ser humano que tinha um coração gigante, que abraçava a todo mundo. De uma forma muito positiva ele deixou muita saudade entre os funcionários, como ser humano, como pessoa que ele foi durante a trajetória de sua vida em Cruzeiro do Sul. A aposentada Marjorita Souza foi conferir a mostra e declarou: “Perdemos um homem trabalhador, um homem disposto a ajudar as pessoas. Foi um bom prefeito, um bom governador. Eu fiquei com muita saudade dele”. Para o professor Nilo Correia, foi uma grande perda para Cruzeiro do Sul: “Foi um cidadão de muito sucesso. Tenho um irmão que dizia que o Orleir era um Midas, porque tudo o que tocava virava ouro. Era um sujeito muito inteligente e tinha visão de futuro. Empresário de grande sucesso, teve a coragem de investir aqui. É um dos poucos que envidou todos os esforços para que a cidade se desenvolvesse”.

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6 de jun. de 2013

Mostra fotográfica conta a história do ex-governador Orleir Cameli

Flaviano Schneider - Fotos:Onofre Brito O empresário, ex-prefeito de Cruzeiro do Sul (1993-94), ex-governador do Estado (1995-1998), Orleir Messias Cameli, falecido no dia 08 de maio passado, deixou saudade no Acre, especialmente no Vale do Juruá. Sua vida, seus feitos, sua família estão sendo apresentados ao público em mostra fotográfica que ocorre do dia 04 a 08 deste mês, na catedral católica, situada no centro da cidade. A mostra, organizada por sua viúva, Beatriz Barroso Cameli, traz fotos familiares, as condolências, imagens de obras executadas tanto na iniciativa privada quanto à frente do Executivo estadual e em, sua passagem pela prefeitura. Conhecido por seu dinamismo, Orleir deixou uma multidão de admiradores, especialmente por ter ajudado pessoas em dificuldades. Dona Beatriz é também muito querida na sociedade local e tem uma série de planos em relação à memória do marido, inclusive a possibilidade de organizar uma fundação que leve seu nome e a edição de um livro contando sua história. A atual mostra deveria ter sido feita com Orleir ainda vivo, conta dona Beatriz. Mas ele ficou doente e o trabalho de organização da mostra ficou parado. Por isso não pode ser apresentado quando da inauguração do novo escritório da Construtora Colorado. “Tínhamos inclusive um acervo de imagens, de pessoas relatando seu carinho, seus agradecimentos para o Orleir, além de pessoas da região, de Sena Madureira, de Rio Branco, de Brasiléia de Manaus, etc". O político e o empreendedor Segundo dona Beatriz, o ex-governador tinha o maior prazer em construir, executar obras, fosse uma calçada ou alguma obra de vulto. Mas na empresa privada ele conseguia realizar seu trabalho de forma mais desembaraçada e acompanhava diretamente os funcionários. “O raciocínio dele era rápido e todos tinham que acompanhar. Por isso na empresa privada ele conseguia fazer as coisas muito rapidamente, com responsabilidade, raciocínio e bom controle dos gastos”. Se por um lado ele tinha prazer em empreender, ele se decepcionou um pouco com a política: “Administrar a empresa privada é diferente da administração pública; Orleir se esbarrava com muita burocracia e ele não era de ficar esperando, queria logo fazer as coisas”. O futuro dos negócios da família Dona Beatriz está otimista quanto ao futuro. “Eu sinto que os filhos estão com o espírito do Orleir. Eles estão com toda a garra e todo otimismo trabalhando porque a empresa está aí. Ela tem que continuar, para continuar sobrevivendo, pagando as contas que tem que pagar, cumprir os compromissos assumidos, eu não tenho mais o que pensar a não ser que tudo vai dar certo. Com inteligência e boa vontade eles tem que continuar o trabalho do pai. Eles aprenderam muito bem como é que se leva uma empresa”. Tudo começou nos seringais do Juruá Orleir nasceu no dia 16 de março de 1949, descendente de libaneses, no rio Juruá. Com seus dois irmãos, Francisco e Eládio, foram iniciadas atividades comerciais nos seringais do Alto e Baixo Juruá. Posteriormente os irmãos estabeleceram empresa comercial em Cruzeiro do Sul e entraram para o ramo madeireiro com a Madeireira Acácia e Serraria Cruzeiro. Em seguida, empresas em vários ramos: Construtora Ocidente, Marmud Cameli e Cia., Agropecuária Colorado, Usina de Borracha Cruzeiro do Sul, fábrica de laminados, distribuidora de gasolina, transporte e navegação, empresas importantes em seus períodos de existência e fundamentais no processo de ocupação e desenvolvimento do Vale do Juruá. Em 2001, já desvinculado dos irmãos, Orleir abre com os filhos a Construtora Colorado uma das maiores da região. No lado político, Orleir se elegeu prefeito de Cruzeiro do Sul, tendo atuado de 1993 a 1994 quando se candidatou ao governo do Estado e venceu as eleições, cumprindo o mandato no período de 1995 a 1998. Segundo Beatriz Cameli: “Com o seu falecimento, em 8 de maio de 2013, após lutar bravamente pela vida, o Acre e, principalmente, nós do Juruá sentimos a grande perda do homem público, chefe de família e empresário que sempre defendeu os interesses desta parte da Amazônia Sul Ocidental. Portanto, esta mostra fotográfica registra fases de sua trajetória para as gerações futuras, tendo como horizonte contribuir para a construção da identidade da região e dos seus habitantes, num mundo cada vez mais globalizado”. História da alimentação Beatriz Cameli produziu anos atrás um livro sobre as origens históricas de Cruzeiro do Sul e região que se tornou referência para pesquisas. Ela agora está elaborando novo livro que pesquisa a história da alimentação do Juruá. O livro que poderá se chamar “Sabores, Cores e Aromas do Juruá” aborda a influência dos indígenas, nordestinos, libaneses e peruanos na alimentação local. O livro terá ainda uma seção de receitas típicas e um capítulo sobre o vocabulário típico da região. Um exemplo: a palavra ‘encrequilhado’, que significa encolhido, retraído, murcho, é herança nordestina. Pesquisando a obra de Câmara Cascudo, um dos maiores folcloristas do Brasil, dona Beatriz descobriu que a palavra deriva do verbo encarquilhar. Admiradores A senhora Marcli de Souza Nogueira trabalhou durante 18 anos nas empresas do ex-governador. Ficou algum tempo fora, mas em fevereiro de 2013 retornei. Ela faz seu depoimento: “Muitas vezes eu me perguntei porque tive esta oportunidade de trabalhar aqui novamente neste momento tão decisivo. Mas a gente sabe dos propósitos de Deus na nossa vida e eu me sinto muito agradecida de ter tido a oportunidade de conviver mais um pouco com ele; este ser humano que tinha um coração gigante, que abraçava a todo mundo. De uma forma muito positiva ele deixou muita saudade entre os funcionários, como ser humano, como pessoa que ele foi durante a trajetória de sua vida em Cruzeiro do Sul. A aposentada Marjorita Souza foi conferir a mostra e declarou: “Perdemos um homem trabalhador, um homem disposto a ajudar as pessoas. Foi um bom prefeito, um bom governador. Eu fiquei com muita saudade dele”. Para o professor Nilo Correia, foi uma grande perda para Cruzeiro do Sul: “Foi um cidadão de muito sucesso. Tenho um irmão que dizia que o Orleir era um Midas, porque tudo o que tocava virava ouro. Era um sujeito muito inteligente e tinha visão de futuro. Empresário de grande sucesso, teve a coragem de investir aqui. É um dos poucos que envidou todos os esforços para que a cidade se desenvolvesse”.

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