Todas as sextas-feiras enfeitará nosso blog a escritora manciolemense Josy Matos, uma talentosa poetiza apaixonada pela arte de fazer apaixonar. Nada melhor do que começar com uma homenagem aos heróis da saúde. Boa leitura!
O corredor daquele hospital nunca parecera tão apertado, tão sufocante, tão frio, tão inerte, tão desprezível, parecia que ia se afunilando de tal forma que Miguel quase sufocara ali mesmo. De súbito correu para o banheiro, lavou as mãos com bastante sabão, lavou o rosto e pela primeira vez, depois de muitos dias, conseguiu olhar-se no espelho, como nunca se olhara antes. Com um olhar tão profundo, tão penetrante encarava aquela imagem refletida no espelho. Sentiu seus olhos marejarem e se surpreendeu ao perceber quão desfigurado estava. Não, ele não se reconhecia mais.
Olhos fundos, contornos escuros, sem brilho, rosto
esquelético, cansado, abatido. Sentiu que ia fraquejar. Caminhou até o quarto
de repouso onde jazia dois companheiros adormecidos. Sentou no cantinho da
parede, elevou as mãos ao rosto e não se conteve, as lágrimas teimavam em cair
incessantemente, não por fraqueza, mas por uma imensa tristeza que transpassava
sua alma ao ver aquelas pessoas sufocando no corredor do hospital, morrendo por
falta de oxigênio e as famílias desesperadas do lado de fora sem saber notícias
da família.
Em meio a esse cenário caótico, Miguel não parava de
pensar nos seus filhos, na sua esposa, sua família que já há quase dois meses
só mantinha contato pela tela fria do celular para mantê-los seguros. MALDITO,
MALDITO VIRUS! Exclamou em cólera no silêncio do seu pensamento.
Miguel era apaixonado pela medicina, exercia sua
profissão com amor, porém tudo que vivenciou naqueles dois meses de luta contra
aquele vírus silencioso, invisível e mortal, causava-lhe uma angustiante
sensação de impotência. Sentia como se um punhal dilacerasse suas entranhas
cada vez que via corpos e mais corpos, vidas e mais vidas sendo ceifadas sem ao
menos serem veladas. Meu Deus! Como é deveras cortante ver as famílias sofrendo
sem poder, muitas vezes, enterrar seus mortos – MALDITO VIRUS, MALDITO VIRUS! -
Exclamou mais uma vez, sentindo que morria um pouquinho a cada dia que passava.
Eram poucas horas de descanso e Miguel não conseguiu
descansar. Sentia saudades de casa, da família, sentia falta dos colegas de
profissão que, infelizmente foram infectados e não resistiram. Quantos mais iam
perder a vida ainda? Quando seria ele? Eram perdas dolorosas demais. Cenas e
mais cenas se passavam em sua cabeça como em um filme de terror, ele e seus
colegas mais pareiam zumbis. “Precisamos permanecer firmes, temos uma guerra a
vencer”.
Levantou,
lavou as mãos novamente, lavou o rosto, colocou seus equipamentos e acordou os
colegas. “VAMOS AMIGOS, É MAIS UM DIA DE LUTA”!
(UMA
HOMENAGEM AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, VERDADEIROS HEROIS DESSA PANDEMIA)
POR: JOSILEIDE DE MATOS GOMES (JOSY MATOS)
Meu amigo querido....sabe a imensa admiração que tenho por vc❤. Fico lisonjeada em fazer parte do seu projeto. SÓ GRATIDÃO.
ResponderExcluirEu que agradeço por ter aceitado fazer parte deste projeto. Seu talento é extraordinário e precisa ser compartilhado.
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