Brisa fresquinha extraída da fonte
natural
Casinha de paxiúba, cobertura de palha
Cama improvisada para três, outra pra
dois
Rede para um no canto da cozinha
As intimidades rolavam no silencio sem
direito a gemidos
A voz ecoando no silencio saindo do
quarto era dela,
O almoço servido simbolizava o clímax
de um ritual que iniciava com o cantar do galo.
Passos sorrateiros para não incomodar
os pequenos que dormiam,
Lenha sequinha, vaso no barro
manualmente moldado,
Um, dois sopros a fumava dava lugar a
chamas vivas
Uma colher semeava na água o doce para
mais tarde o preto ter sabor.
Num ritmo sincronizado os copos se
enchiam
Uma panela de cintura negra com sobras
Colheres entravam vazias, saiam
branquinhas
E assim seguiam molhadas com o
inesquecível liquido negro
Não havia dialogo frasal, falar era
fatal para perder a vez
Todos já entendiam e sabiam que dali
tarefas existiam
Cadernos para que vai ser letrado
Terçado para quem vai buscar o sustento
Louça lavada com areia e sabão caseiro
Espelho capaz de ver até a menor das
sarnas
Madeira no fogo, panela maior
Grãos na mão, choro na rede, roupas
sujas a esperar
Tampa a paneja, atiça com vontade as
chamas
Guri no colo, mãos ágius a varrer, água
a jogar e guri a mamar
Cria na rede, cassete na roupa, olho no
fogo
Pote nas costas, prepara cavacos,
estende os trapos
Sal no peixe, peixe no óleo, pingos
fumegantes na mão
Escapa um palavrão, choros na rede,
mãos a embalar
Aos poucos a casa começa a se
movimentar
O barulho de quem vem da escola é fácil
a identificar
Mãe já sei soletrar, mentira mãe ela
não sabe nem fazer um “A”
Para de quizomba menina sua irmã vai
acordar
Mesa no chão, panela de feijão
Fartura da semana
Olhar satisfeito de quem cumpriu de
direito seu dever.
Só para não esquecer a tarefa de até
então só rodou o ponteiro do sol até o oitão
Muita coisa até o escurecer aquele ser
vai precisar fazer
A criança volta a chorar
Tal qual raio um peito já tá a mamar
Chefe senhor começa a reclamar
Ninguém na casa para lhe ajudar
Aqui vou morrer de trabalhar
Senhor a esposa que ganhei nada sabe
fazer.
Os anos correm
A saga também
Mulheres se empoderam
Profissionais diversas
Mas cá de longe o matuto velho pensa e
joga ao vento
As palavras caem na tela e aqui eu
digo:
Não nascem mais mães, apenas mulheres
Uma singela homenagem do Blog Amigo das Letras para as
mães raízes
Excelente texto professor. Lembrei de quando mora no Riozinho Cruzeiro do Vale, quantas lembranças me reacendeu 😢só saudades
ResponderExcluirMuito bom.
ResponderExcluirQuem vive no interior (zona rural).sabe bem que está escrito.
A doce e penosa vida na roça. Sei bem o que é isso, e apesar das dificuldades éramos felizes e não sabíamos...kkkk
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